Resumo
Introdução: No Brasil, medicina de família e comunidade e atenção primária à saúde não constam na lista das áreas do conhecimento para pesquisa e pós-graduação estrito senso. Nosso objetivo foi descrever as trajetórias de pós-graduação dos médicos de família e comunidade (MFC) brasileiros.
Métodos: Estudo observacional com dados secundários. Mesclamos dados do SisCNRM e da titulação pela SBMFC para identificar todos os MFC brasileiros, e cruzamos esses dados com a Plataforma Lattes para descrever e correlacionar as características da especialização e da pós-graduação estrito senso.
Resultados: Dos 6238 MFC (2795 titulados, 3957 com residência), 747 (12,0%) tinham mestrado e 170 (2,7%) doutorado. Homens tinham maiores chances do que mulheres de obter um mestrado e menos ainda de obter um doutorado. Os MFC também tinham menos chances de obter um doutorado se seu mestrado fosse profissional em vez de acadêmico ou se seu mestrado fosse em outra área que não saúde coletiva ou medicina. A pós-graduação estrito senso precedia a especialização em medicina de família e comunidade mais frequentemente para médicos titulados (mestrado 39.9%, doutorado 33%) do que médicos com residência (mestrado 9.1%, doutorado 6%).
Conclusão: Médicos de família e comunidade no Brasil cada vez mais têm mestrado e doutorado, com uma ênfase em saúde coletiva, apesar de mulheres encontrarem barreiras para progredir em seus estudos. As consequências de diferentes trajetórias de pós-graduação estrito senso precisam deveriam ser examinadas criticamente.
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